sexta-feira, 30 de abril de 2010

Lembranças de um ano perfeito (parte IV)

Revoltei nessa época e resolvi fazer um negócio que eu sempre tive vontade: coloquei meu piercing. Deu uma piração na minha cabeça e sai de casa um dia com o intuito de voltar com o piercing. Cheguei ao local de aplicação e fiquei lá uma hora olhando as jóias de piercing e escolhendo onde seria. Na língua? No queixo? Na orelha? Resolvi colocar um transversal na orelha. Depois de muito medo, de muito pensar e repensar, criei coragem e mandei a moça colocar. "Não se preocupe, a gente coloca aqui um anestesicozin e não dói nada." Só se for a BUNDA dela que não doeu na hora. Amaldiçoei até a quinta geração da família daquela vaca. Mas tava feito. Agora vinha o mais difícil, chegar em casa e mostrar para os meus pais.

"MEU DEUS DO CÉU? QUEM FOI QUE FEZ ISSO NA SUA ORELHA?! ISSO É COISA DE MARGINAL, VÃO TE SURRAR NA RUA, PODE TIRAR ISSO!!!"

Quase que eu respondo que tinha sido um marginal que tinha me visto na rua e tinha me obrigado a furar a orelha, mas vendo a reação deles achei que não era momento para piadas. Após muita briga, nhé nhé nhé, blá blá blá, eles viram que eu já tinha furado, não tinha mais volta e pronto! Pelo menos isso pra me alegrar, após aqueles bombásticos resultados vestibulescos.

E lá estava eu mais um dia no cursinho, com meu piercing na orelha. Estava do lado de fora conversando com alguns amigos. Eis que surge uma pessoa que eu nunca havia visto na vida, olha pra minha cara e fala:

"TU É BIXO NÉ?"

Não sei em que planeta essa forma de tratar é normal, mas no meu não era assim que se começava uma conversa com alguém que você nunca viu. Vai entender né? Devo ter ficado com cara de "QuePorraÉEssa?NãoEntendi", porque logo ele me falou que estudava no curso que eu quase passei e que eu iria passar também. Passei da cara de "QuePorraÉEssa?NãoEntendi." para a cara "Mentira!FalaSério?". Claro, óbvio, evidente, eu continuei não acreditando naquilo. Melhor não criar esperanças, mas claro, iria no dia da matrícula, vai que dá uma zebra e alguém resolver morrer com cinco tiros na cabeça. Seria sorte demais.

Na mesma noite voltei a entrar na tal comunidade da turma que eu quase fiz parte. Foi então que num dos tópicos eu vi quantas pessoas iriam entrar. Haviam achado pessoas que tinham passado em outra faculdade, inclusive na UNICAMP, UnB, ITA, HARVARD, NASA... Ou seja, se isso realmente fosse verdade talvez eu tivesse ainda alguma chance de disputar uma vaga naquele curso. Foi a deixa pra eu não conseguir mais me concentrar em nada.

Nem estudava, nem ia mais pra aula, não sabia se ria ou se chorava. Uma semana antes da matrícula lá estava eu numa festa. DE FORRÓ!!! Absurdo! E BEBENDO!!! Mais absurdo ainda! Até hoje não sei bem porque estava bebendo, se para comemorar, ou para esquecer um pouco daquele estresse de não saber se ia dar certo ou não. Sei que bebi, e muito. Foi o primeiro porre da minha vida. Vodkazinha. Teve uma hora que ela desceu meio quadrada (não querendo fazer alusão àquela que desce redonda) e começou a baixaria. Meus olhos nessa hora já estavam trocados, o direito olhava pra esquerda e o esquerdo olhava pra direita, tava tudo embassado. E o estômago começou a dar cambalhotas. E o mundo começou a girar numa incrível Roda Gigante. Então me sentei. Foi aí que o mundo começou a girar mais depressa. E a pálpebra começou a cair (ptose?).

E então, como naquelas fontes de praça onde os anjos soltam água pela boca fazendo aquela curvinha, eu vomitei. Foi longe, acertei o salto de uma moça à 15 metros de mim. E a cabeça começou a doer, o mundo começou a girar ao contrário e o vômito saindo. "Dizem que depois que vomita melhora." - pensei. Claro que é mentira, depois que vomitei, vomitei denovo, não com a mesma intensidade, acredito ter atingido apenas 8 metros de distância dessa vez. Uma hora eu sei que me levaram pro carro pra ir simbora. E foi igual à Tele Sena que de hora em hora informa o resultado final do sorteio. De hora em hora em vomitava... na verdade a cada 10 minutos eu jogava alguma coisa pra fora durante o percurso de carro pra casa. E quando eu imaginava que não tinha mais nada pra sair de dentro de mim pela boca, saía. A próstata foi simbora no primeiro vestibular, o fígado no segundo, acho que devo ter vomitado nesse dia meus dois pulmões, baço, bexiga e tireóide.

Cheguei em casa só o Piper chupado, cuspido e pisado. Minha mãe deve ter pensado: "Ou ele está comemorando, ou está enchendo a cara pra esquecer que não passou. Tadinho." Ainda bem que ela pensou isso e eu não escutei uns bons gritos que ela me daria caso não fosse por essa desculpa. Deitei na cama e só no outro dia...

E então, cinco dias depois, lá estava eu com meus documentos em mãos para fazer (ou não) a tal matrícula tão esperada há 4 anos. Levei bem mais do que o necessário: certidão de nascimento (original, xerox autenticada e não autenticada), foto 3x4 (datada, não datada, antiga e recente), histórico escolar, certificado de conclusão do ensino médio, do ensino fundamental e do ensino infantil, carteira de serviço militar, cpf (com xerox), carteira de identidade (com xerox), carteira de trabalho, carteira de habilitação, título de eleitor, cartão de vacinação, cartão do Banco do Brasil, cartão do Itau, cartão das Lojas Americanas, cartão da Renner, cartão do bolsa-família, vale transporte, tiquet alimentação, senha do orkut e do MSN, dentre algumas outras coisas.

E então começou a chamada dos classificáveis. 45 pessoas precisavam serem chamadas, é gente demais. Começou a bater o desespero. "Jupira", daí o povo gritava "FALTOU". E o carinha chamava o nome mais duas vezes e o povo gritava "FALTOU". Foi me dando um aperto, um nervosismo... E comecei a achar graça da putaria. Quem realmente ia se matricular tinha que passar por um corredor onde todo mundo tinha tinta, espuma, confete, pra jogar na gente. E depois o povo saía todo sujo. E chamaram Jupira que faltou, Orestes que faltou, Susete que se matriculou, de um por um o povo foi entrando. Até que uma hora lá...

CARLOTA JOAQUINA - E lá foi ela morta de feliz
PABLO NERUDA - E lá foi ele morto de feliz
............................ (entenda isso como algo que eu não escutei). E foi daí que ele chamou de novo e eu escutei mais claramente: FULANO DE TAL. Era eu, era eu! Daí uma maré de gente me empurrou e os sinos soaram, uma música ao fundo tocou (era Aleluia, aleluia aleluia, aleluiaaaaa), os gritos da multidão (VAI IDIOTA, TÃO TE CHAMANDO!), e quando eu abri um sorriso do tamanho do mundo para expressar toda minha felicidade... tomei tinta na cara, farinha de trigo no olho, puxaram minha cueca, buzinaram uma trombeta no meu ouvido, me empurraram...

Entrei no local da matrícula semi-avatar. Tinha tinta até na alma, farinha até no cérebro. Mas estava lá. Entreguei minha pasta (que mais parecia uma mala com a quantidade de coisas dentro) para a mocinha e ela me deu uns papéis para preencher. Rapidamente e nervosamente preenchi, com medo de errar meu nome, errar meu endereço, colar minha identidade onde era pra colar cpf, colar de cabeça pra baixo, cortar meu rosto da foto de tanto que eu tremia. E ainda veio um povo sem vergonha me oferecer cartão de créditos.

"Vamos lá jovem solicitar o seu cartão de créditos? Você não paga mensalidade até daqui a um ano, só começa a pagar no ano que vem e já recebe o cartão desbloqueado com um crédito de R$1000,00 para gastar. Vamos?"

Burramente caí na besteira de fazer um cartão, mas na verdade eu deveria ter berrado:

NÃO TENHO DINHEIRO, MINHA MÃE TÁ DESEMPREGADA, MEU PAI FUGIU DE CASA COM OUTRA MULHER, NOS ABANDONOU, PASSO FOME, PEÇO ESMOLA, NÃO TENHO HABITAÇÃO, LEVEI UMA SURRA POR ESTAR AQUI, POIS EU DEVERIA ESTAR NO SINAL PEDINDO DINHEIRO PRA CONSEGUIR A JANTA DE HOJE. ME DÁ UM REAL MOÇA DO CARTÃO? MORRA!!!

Não foi bem o que eu disse, até hoje recebo correspondência me cobrando anuidade! ¬¬
Então, peguei meus documentos entreguei para a mulher e ela falou as palavras mais lindas que eu já tinha escutado nos últimos tempos: CADÊ O CERTIFICADO? Ops, entreguei o certificado. Daí ela falou as reais palavras mais lindas: PARABÉNS, VOCÊ ESTÁ MATRICULADO. E então entrei nessa vida lastimável que me encontro hoje... Estranhamente amo muito tudo isso, mas isso é um papo para outra história...

(fim)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Metalinguagem

Primeiro de tudo, esperar a hora certa. Sim, existe hora certa pra escrever. Pelo menos pra mim. Geralmente por volta de 11 da noite pra lá. Se fôssemos fazer um gráfico de Hora do Dia x Inspiração seria algo mais ou menos assim:
Explicação: existe uma taxa basal de inspiração durante todo o dia, é péssimo para se escrever nessas horas, o que vem à cabeça é besteira, não se aproveita. Se eu fosse escrever durante essas horas sairiam receitas de bolo, cartas de amor e resumos de matérias da faculdade. Evito ao máximo escrever nesses horários, faz mal até pro estômago. A partir das 21h, a hipófise começa a liberar ISH (Inspiration Stimulating Hormone, vulgo Hormônio Estimulador da Inspiração) que vai agir no Centro da Inspiração (que tem como outra função atuar nos movimentos respiratórios junto com o Centro da Expiração). O Centro da Inspiração então começa a liberar os neurotransmissores (inspiralina) nas sinapses cerebrais ocasionando um Brainstorm (tempestade de idéias). Pois sim, a partir das 21h, os níveis de inspiralina aumentam exponencialmente até alcançarem o pico máximo, por volta das 5h30m da manhã. Há relatos na literatura de que você pode expandir esse nível para além caso você se exponha à um nascer do sol fenomenal, deitado na grama molhada da sua casa de praia, de frente pro mar, ao lado da pessoa amada. Porém, a janela terapêutica dessa experiência é bem pequena, pois em um milésimo de segundo como esse você pode ter tanto a inspiração para escrever a maior novela Global de todos os tempos, como pode também não controlar o Brainstorm e escrever várias pequenas anedotas sem sentido. Geralmente, me encaixo no horário das 23h às 2h da manhã, nunca alcancei o pico de inspiração.

Segundo ponto: música. Nada melhor do que uma boa música na hora de escrever pra atiçar ainda mais a sua inspiração. Eu falei boa música, não queira escrever uma linda história de drama com amores impossíveis e morte no final escutando Boladona, Tati Quebra Barraco, Mc Serginho e Lacraia, Mulheres Salada de Frutas, e coisas do gênero. No máximo você escreverá um bom conto erótico bizarro com direito a sexo com animais e mistura de fluidos escatológicos (eca!). No meu caso Los Hermanos sempre ajudou, Ana Carolina e Nando Reis também possuem sua parcela de contribuição, dentre outros. Os maiores escritores com certeza estavam escutando alguma coisa quando suas obras foram geradas.

Agora o local. Óbvio que o local para se escrever deve ser meticulosamente escolhido. Escrever no meio da sala de jantar com todo mundo conversando ao redor, o cachorro latindo do lado, a vizinha gritando, o primo pequeno chorando... melhor escrever dentro do banheiro, sentado no trono. Aliás, quem disse que não há poesia na hora de reinar? Eu mesmo já escrevi várias coisas enquanto estava reinando. Também aconselho o isolamento. Já pensou tu escrevendo aquela história que tu acha que está show, perfeita. Daí vem tua irmã e lê atrás de ti e comenta. Daí vem tua mãe e elogia. Teu pai passa e pergunta. Tua vó vem e ri. Ah, dá não né. Histórias precisam serem feitas no silêncio de um ambiente isolado. No meu caso, meu quarto claro, somente com a luz da luminária pra ficar um ambiente mais intimista ainda. Fecha a janela, fecha as cortinas, fecha a porta do quarto, espera a descarga do banheiro parar de fazer barulho (totalmente antipoético), liga o ventilador (o clima da minha cidade/vila exige), e então, com a companhia apenas das baratas que passeiam pelo chão do meu quarto, o negócio flui.

Chegada a hora da inspiração, escolhida a música perfeita, refugiado no local certo, resta apenas o principal: o assunto. Bem, aí é questão de vivência. Se você não vive, não tem do que escrever. Não que o que eu escreva aqui seja totalmente real... nem é... mas se você nunca viveu uma decepção na vida, como vai tentar passar para os seus leitores a angústia de uma? Se você nunca chorou de raiva como vai falar de algo que realmente te enfurece a esse ponto? Se você nunca se apaixonou como vai relatar a experiência de dormir e acordar pensando, de se alegrar com a alegria alheia, de ouvir sininhos e sentir borboletas no estômago quando vê a pessoa? Dizem os especialistas que escrever após uma super decepção amorosa enquanto ainda se está chorando é o ápice do supra sumo do cream de la cream, é muito bom e muitas belas coisas saem da cabeça nesse momento, até novos palavrões. Após adquirir essa bagagem de sentimentos fica bem mais fácil você criar histórias e relatar nelas suas experiências, criando personagens que tem um pouco de você em cada um deles. O tchan consiste exatamente nisto, você emprestar às histórias impressões suas, emprestar aos personagens traços seus, mas sem tirar deles as particularidades que os diferenciam dos demais. Eles são um pouco de você, mas acima de tudo eles são eles. E pronto. Busca algo interessante de se falar e da melhor forma tenta passar o recado para os demais, contando uma história, ou falando sobre, ou descrevendo.

No final o que sair já é algo. Ler muito é sempre bom, ajuda a não errar no português (pecado mortal), ajuda a criar idéias. No mais acho que é só.

Post iniciado às 1:20 da manhã, ao som de Ana Carolina, escrito no meu quarto, cujo assunto me veio à cabeça após ter assistido a 2 episódios de One Tree Hill.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Lembranças de um ano perfeito (parte III)

Então eis que o resultado do vestibular não prostático saiu. Novamente em slowmotion:

OOO REEESUUULTAAADOOO SAAAIIIUUU. LIIISTAAA DOOOS AAAPROOOVAAADOOOS DEEE MEEEDIIICIIINAAA...

E claro, mais uma vez meu nome não estava lá. Ai ai ai. Agora era oficial, cursinho mais um ano. Tinha ficado tão próximo, fiquei em 45º classificável. No ano anterior tinham chamado só 39 classificáveis, por isso já fui logo me desanimando. “Manhê, não passei.” Fui pro cursinho pra falar com meu coordenador, pedir o bom e velho desconto, a boa e velha dispensada na matrícula, dispensada nas apostilas, dispensada nas mensalidades, auxílio fome, auxílio busão, auxílio moral, auxílio psicológico, auxílio paciência e auxílio sacocheiodemaisumanonessajoça. Ele só me deu matrícula, mensalidades e apostilas de graça. Fiquei sem meus auxílios. Onde já se viu, talvez fosse por essas carências que eu não passava. E no meio da conversa perguntei a ele quantas pessoas iriam entrar no tal vestibular do Quaselá.

“Na pior das hipóteses entram 40 pessoas, na melhor das hipóteses entram 44.”

Show. Preferia ter ficado em noventésimo nonagésimo nono, vulgo 999º, classificável a ter que ver a 44ª criatura sortuda do universo entrar e eu ter ficado na beirada. Na hora não lembro, mas acho que falei PUTA QUE PARIU bem alto na frente dele, de três alunos da 4ª série e de uma senhora. Senti os olhares reprovadores deles. MORRAM! Quero ver se eles passassem pelo mesmo que eu tava passando. Acho que a partir desse momento comecei a desenvolver um sofrimento mental irreversível.

Imaginai tu atravessar uma BR com 10 faixas e ser atropelado na 10ª por uma mobilete com um pneu furado, uma descarga enferrujada e a 10km/h, mas que te atinge num ponto fatal e te mata. Ou tu fechar a prova de legislação pra tirar a carteira de motorista, fazer uma super baliza perfeita, retorno, passagem de nível, ladeira, pára na faixa pra passar os pedestres e então já no final tu estanca o carro e é reprovado. E daí tu vai ter que fazer mais várias aulas de legislação super chatas, outra prova, pagar um monte de dinheiro, gastar um monte de tempo. É como uma brocha na frente da Juliana Paes. Poisé, foi quase parecido com um décimo sétimo avos do que eu senti. Fazer o quê né? Bola pra frente.

Já tinha voltado à chata e velha rotina de sempre: acorda, estuda (ou não), cursinho, aulas (ou não, confesso que no último ano passei mais tempo fora de sala do que dentro), volta pra casa, entra na Internet, dorme... E eis que uma bela noite, entrei na Internet, no Orkut, e veio um povo me pedir pra entrar numa comunidade. Comunidade da turma que eu QUASE fiz parte, caso passasse naquele vestibular. Era karma, eu devo ter jogado pedra, canivete, lâmina de bisturi enferrujada na cruz, ou devo ter colado chiclete na chuteira do jogador Roberto Carlos no último jogo do Brasil na última Copa do Mundo. E lá estava o povo falando de mim: o primeiro dos últimos a não entrar. MORRAM TAMBÉM!

Foi então que usei do terrorismo. Procurei minha pior foto, uma que eu estivesse bem psicopata, tipo de barba, com olhar maquiavélico, riso sarcástico, uma que expressasse “EuSouRuimECapazDeMatarAlguémPraPassarEmMedicina”. Então singelamente fui num dos tópicos da comunidade e expressei meus belos sentimentos: se eu não passar eu mato alguém pra pegar a vaga. Finalizei a frase com um belo sorriso (=D) e saí da comunidade. Tentei não pensar mais naquela esperançazinha que teimava em não ir embora. Mas algo estava reservado para mim no final do túnel. Se eu joguei pedra na cruz foi uma pedra sem pontas, com contornos arredondados e que não atingiu ninguém, talvez tivesse atingido Judas pouco antes de ele se enforcar, nada mais.

(continua...)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Lembranças de um ano perfeito (parte II)

Uma semana depois estava eu fazendo outra prova de vestibular, essa sem muitas emoções, sem próstatas escorrendo, sem esquecimentos e apagões. Uma semana depois desta saiu o resultado da primeira (a da próstata escorrendo). PASSEI! Claro, depois daquele sufoco, alguém lá em cima reconheceu meu esforço, sentiu pena da pobre criatura sem próstata, sem documentos, sem celular (sem vida, caso eu perdesse essa prova).


Na semana seguinte, a segunda fase do vestibular (sim, o da próstata). E o pensamento era sempre o mesmo: não querem que eu passe, aquele sufoco foi alguém me botando pra trás, mas eu sou melhor que isso e vou passar só de mal. Fiz minha prova tranqüilo. Estava escrito, era o meu ano, era minha vez, sentia isso.


Minha barba e meu cabelo nesta data já completavam um mês, a coisa mais terrível no mundo. O povo tinha medo já de me barrar nas provas, eu era praticamente o dono da gangue que ia invadir o local caso algo não saísse como eu queria. Até dinheiro as pessoas começaram a me dar nas ruas sem eu pedir. E elas corriam. E a coceira? Nessa época algum ácaro já devia ter instalado sua habitação na minha barba. Mas paciência, agora que tinha passado o primeiro mês, faltava outro.


E o resultado do segundo vestibular (o que não era o da próstata) saiu. Fiquei alegrão, tinha feito uma pontuação bacana, 52 de 60 questões. Uma semana depois anularam algumas questões e eu fiquei com 54. Passaria certeza. Dito e feito. Passei. Nunca tinha feito tantas questões. Porém o vestibular da próstata era o que eu teimei em fazer e que iria passar. Segunda fase do vestibular não prostático veio, fiz tranqüilo também, vamos que vamos, sou eu na fita.


Enquanto os resultados finais não saiam a barba crescia e o cabelo também. Mestre Pai Mei perdia feio. Veio o Natal e tentei bicos de Papai Noel em shoppings, mas não quiseram me dar essa chance, disseram que eu era um pouco assustador pra lidar com as criancinhas. Bom pra mim. Criança boa é criança amarrada, com fita isolante na boca pra não chorar e dormindo. E os ácaros da minha barba se multiplicaram e começaram a me incomodar. Coçava que era uma beleza. Passei o ano sem pegar ‘ningas’, senti na pele a desvalorização pelos mais barbados. Acho que é uma causa bem desfavorecida e que merece total apoio.


E o dia do resultado chegou, era agora que eu aparava a barba e cortava o cabelo logo no 0. Tensão. E de repente o tempo começou a andar em slowmotion (leiam em slowmotion).


OOO REEESUUULTAAADOOO SAAAIIIUUU. LIIISTAAA DEEE AAAPROOOVAAADOOOS. MEEEDIIICIIINAAA. CAAARAAALHOOO OOOLHAAA OOO MEEEUUU NOOOMEEE...


Mentira, não tinha meu nome! Lasquei-me feio. Como minha próstata ainda estava em regeneração por ter escorrido pelas minhas pernas dois meses antes, o que escorreu dessa vez foi o fígado. Alguém não queria que eu fizesse aquele vestibular, eu insisti, vai ver esse alguém queria me poupar daquela decepção. E me poupar de criar ácaros na barba. A única alegria que tive aquele dia foi por tirar aquela mata da minha cara. Pior era explicar para o povo que eu tinha tirado a barba e cortado o cabelo, mas que não tinha passado no vestibular.


- Ow, que pena, não deu certo dessa vez, mas ano que vem vai dar com certeza.


Querem uma dica? Digam qualquer coisa menos isso. Eu sei que foi uma pena, eu sei que não deu certo, não precisa você repetir. E dizer que vai dar certo ano que vem? Após 4 anos fica sem graça ouvir a mesma coisa. Ao invés disso digam:


- Caralho! Vamos beber até virar as pernas pra esquecer essa merda. Eu pago tudo. E pode trazer a camisinha que eu vou pagar duas prostitutas belgas pra você. ‘Bora’ viver de vender miçangas na praia? Essa vida de estudar não dá certo não, vamos virar hippies. Vender água de côco por aí. Viver do que a natureza nos oferecer.


Com certeza é assim que eu gostaria de receber os pêsames por não ter passado no vestibular e por ter que passar mais um ano na droga do cursinho. Paciência, nem todos estão preparados pra entender o que se passa a cabeça de quem leva bomba vários anos seguidos. E pra mim nem tudo estava perdido, tinha o outro resultado que eu tinha ido bem. Vamos esperar e torcer, tem que dar certo.


(continua...)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Caixinha de Grubs Grubs


Criança nasceu, família humilde, sem muitos recursos, moravam de aluguel, casa pequena, pais trabalhadores, esforçados. O pai prometeu à criança: meu filho, não temos condições de lhe dar um presente todo ano, mas prometo que juntaremos o dinheiro todo ano e a cada 5 anos você escolherá um presente e nós lhe daremos. Pronto.

A criança nasceu saudável, APGAR 10, comia de um tudo, até pedra se dessem, calmo. O tempo foi passando e o menino fez 5 anos. Pai dele chegou pra ele:
"Meu filho, é chegado a hora do seu primeiro presente, o que você quer ganhar de presente?"
"Papai, eu quero uma caixinha de grubs grubs."
Lá foi o pai do menino procurar o presente da criança. Foi num shopping famoso da cidade, nas três lojas infantis de lá e não achou. Para não chegar em casa sem nada nas mãos trouxe um super carrinho vermelho 5 marchas de controle remoto com alcance de 50 metros que subia pelas paredes. O menino adorou o carrinho, parecia pinto no lixo, porém o pai ficou meio decepcionado consigo por não ter achado a caixinha de grubs grubs.

Mas o tempo não pára, a criança foi crescendo, era bastante esforçado na escola, não era o melhor da sala, mas sempre passava direto, era um orgulho. E os 10 anos então chegaram. Lá foi o pai novamente:
"Meu filho, mais um presente, 10 anos, uma década. Estou muito feliz. O que você quer ganhar de presente dessa vez?"
"Papai, eu quero uma caixinha de grubs grubs."
Lá foi o pai novamente. Foi ao mesmo shopping procurar, mas lá continuava sem ter. Foi ao centro da cidade procurar nas centenas de lojas de lá. Foi a 10 lojas diferentes, mas não conseguiu encontrar a caixinha de grubs grubs. Para não voltar com as mãos vazias comprou um super jogo didático do Show do Milhão com 500 perguntas níveis Fácil, Normal e Difícil. O menino foi à loucura com o presente. O pai passou o dia sem comer, triste por não conseguir satisfazer o desejo do seu filho.

Veio a pré-adolescência, fase complicada para a maioria das pessoas, não para o menino. Era educado, gentil, prestativo, um sonho. E os 15 anos, data importante para todos. Lá foi o pai do menino já tenso com a resposta do filho.
"Papai eu quero uma caixinha de grubs grubs."
Dessa vez o pai foi procurar fundo. Shopping, centro da cidade, bazares, lojas chinesas... NADA. Lá vem novamente o pai decepcionado com a coleção de livros da moda: um domador de dragões que tinha poderes mágicos e que lutava contra o bruxo malvado pra salvar as pedras de luz do castelo encantado. O menino ficou fascinado, leu tudo em uma semana, o pai passou 5 dias de luto.

Finalmente a adolescência, aquela tensão dos pais ao verem seus filhos ganhando cada vez maior independência, primeiros namoros, fase de auto-conhecimento, fase das revoltas. Para os outros. O menino se desenvolvia cada vez mais bonito, mais educado, mais inteligente. Era o genro que toda sogra pediu a Deus. Era alto, usava uma barba ralinha que chamava atenção das garotas, junto com aquele físico. Apesar de ser o mais bonito da turma, não ficava com muitas garotas, era mais de namorar. Cada vez mais os pais se orgulhavam do filho que haviam criado. 20 anos, duas décadas de vida. E a lenga lenga de sempre.
"Papai eu quero uma caixinha de grubs grubs."
O pai saiu ensandecido de casa, prometeu só voltar quando encontrasse o presente do filho. Não houve uma loja sequer da cidade que ele não tivesse ido ou ligado. Desesperado, voltou pra casa no final do dia, com a cara de derrotado, mas com uma moto vermelha novinha. O filho montou logo em cima da moto e foi dar uma volta, enquanto o pai se derramava em lágrimas decepcionado.

Veio a faculdade, novos amigos, novas experiências, novos horizontes. E o menino, agora um homem, cursava a faculdade de Engenharia Mecânica. Gostava do que fazia, era o primeiro da turma. Nas festas da faculdade não bebia, não saía ficando com todas as meninas (que por sinal vinham implorar pra ficar com ele). Foi numa dessas festas que ele conheceu sua primeira namorada. Paixão à primeira vista. Era o casal mais perfeito que se possa imaginar. E os 25 anos chegaram. Já sabem né?
"Papai eu quero uma caixinha de grubs grubs."
Dessa vez o pai foi buscar fora do país. Buscou na Internet, site de produtos americanos, com fretes caríssimos, pediu pra amigos que moravam na China, Japão, Índia, Paraguai. Já sabem né? Nada. O pai já não tinha mais cara pra chegar pro menino com um presente diferente. Dessa vez, um carro, zerinho, com vidros e trava elétrica, alarme, seguro pago. Ia passar aproximadamente 3 anos pagando. Imediatamente o menino pulou no banco da frente pra dar uma volta no carro e mostrar pra sua namorada.

E então veio a formatura, aquela festança, muita emoção, fase de realização. Os pais não poderiam estar mais orgulhosos do filho. Depois da formatura o trabalho. O homem era bom no que fazia, não faltava emprego pra ele. Conseguiu trabalho na melhor empresa de máquinas da cidade, fornecia peças para todo o país. Ganhava uma boa quantidade de dinheiro. As finanças da família foram melhorando, as condições de vida melhoraram. E as 3 décadas do homem chegaram...
"Papai eu quero uma caixinha de grubs grubs."
A família agora era uma das mais ricas da cidade onde moravam. O pai comprou uma viagem ao redor do mundo. Por onde ele passou ele procurou pela caixinha de grubs grubs. África, Oceania, Ásia, Europa, Américas... após chegar de viagem, tristonho, o pai levou o filho para a casa de serra da família. Lá, no lago artificial que eles mandaram construir, estava a lancha que o pai havia comprado para o filho. Os olhos dele brilharam de felicidade, os olhos do pai brilharam de lágrimas de decepção.

E então veio o casamento. Época de promessas, votos de felicidade, compromissos mais sérios, fidelidade, filhos. Foi o casamento mais lindo de todos da igreja, tanto o noivo quanto a noiva estavam deslumbrantes, hipnotizavam com suas belezas. Até eu que estou contando a história chorei ao vê-los lendo os votos de casamento. Dois meses depois sua esposa estava grávida, de gêmeos. Nove meses depois nasciam os gêmeos, lindos como os pais. E aos 34 anos estava o homem voltando do trabalho no seu carro tunado última geração quando um caminhão atravessou o sinal vermelho e bateu no carro. Momentos de tensão, ambulância chegou, tirou o homem dos escombros, levaram para o hospital mais próximo. Precisou passar por uma série de cirurgias, mas estava se recuperando bem na UTI. E então os 35 anos chegaram e o homem ainda estava no hospital.
"Meu filho, você já está com 35 anos, estou muito orgulhoso de você, só nos deu alegria durante toda a vida, agradeço a Deus por ter me dado você, foi um presente. O que você quer dessa vez de presente de aniversário?" (o pai perguntou, mas estava com medo do que pudesse ouvir)
"Papai... eu quero... uma caixinha... de... grubs grubs..."
O pai não aguentou mais, foi uma vida inteira de procuras, nunca satisfez completamente seu filho. Jamais questionou suas decisões ou seus desejos. Mas dessa vez ele não se conteve.
"Meu filho, passei uma vida inteiro atrás disso, por favor, me responda, O QUE É UMA CAIXINHA DE GRUBS GRUBS?"
"Ow papai... por que o senhor... não disse... antes...? Uma caixinha de... grubs grubs... é..."

PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Do Sétimo Andar

“Eu te amo! Nossa história de amor é linda, você me completa e eu preciso de você para viver. Dói muito ter que fazer o que estou prestes a fazer, mas preciso de você viva, não posso conceber a idéia de te ver morta nos meus braços, culpar-me-ia para o resto da vida. Por favor, entenda-me. Seu psiquiatra mesmo disse que precisávamos de tempo para que os antidepressivos fizessem efeito, porém não estou notando melhora, suas idéias suicidas estão cada vez mais freqüentes e eu preciso te proteger de você mesma. Já tentei de tudo, até chá de Habu pra te curar da tosse e do chulé, pra ver se você cria ânimo para viver, mas nada funcionou. Não consigo mais te ver nesse estado, espero que você entenda minha decisão.”

“Foi tão difícil ter que levá-la àquele lugar. Como é mesmo o nome que se dá hoje em dia? Manicômio? Hospício? Aquele não é o lugar dela. Ela não quis ficar quando eu a deixei lá, ela tem consciência daquilo. Aqueles loucos são pessoas perigosas, ela não é assim, as poucas pessoas que foram visitá-la disseram que ela está mais calma, que não faz mal à ninguém. O psiquiatra disse que no caso dela é o tempo passar. Preciso agüentar esse tempo até ela estar curada e voltar para mim.”

“Não acredito que ela cometeu essa loucura. Por que ela foi inventar de fugir do hospital? O tratamento estava indo tão bem, ela estava cada vez mais próximo de conseguir alta, suas idéias suicidas tinham diminuído. E agora ela foge. Tenho medo do que possa acontecer com ela enquanto ela não toma os remédios, enquanto ela está só, enquanto não há ninguém por perto para impedi-la de fazer alguma besteira. Deus sabe que eu tentei protegê-la disso, e agora? Só me resta anunciar seu desaparecimento e rezar para que alguém a encontre. Vou procurar a foto mais bonita que eu achar, ela olhando para mim, aqueles grandes e curiosos olhos verdes. Vou pôr em todo lugar. E se eu te vir como será que você irá reagir? Se numa dessas esquinas eu te encontrar será que você vai lembrar que eu te pus naquele local e vai fugir? Será que você vai pensar que eu te dei as costas e vai correr? Se você for eu vou correr. E se eu não te alcançar eu vou morrer.”

“Oh meu Deus, fiz o anúncio, pus em quase todo lugar, mas ninguém viu, ninguém lhe achou. O pior aconteceu... Não quero aceitar que o que fiz foi errado, te separando de mim... Agora de longe te vejo, aqui do sétimo andar, aqui de cima de sete palmos do chão. E você continua linda daqui de cima. Agora só me resta lamentar, sofrer pelo que te causei. Meus dias são iguais, não durmo mais, apenas te espero sentado na cadeira da sala iluminada. Dia e noite a sala permanece iluminada esperando sua volta, dia e noite tomo o seu chá de Habu, dia e noite observo sua foto mais bonita no anúncio olhando pra mim... dia e noite morro."

Baseado na música Do Sétimo Andar - Los Hermanos

Fiz aquele anúncio e ninguém viu
Pus em quase todo lugar
a foto mais bonita que eu fiz,
você olhando pra mim

Alto aqui do sétimo andar
longe eu via você
e a luz desperdiçada de manhã
num copo de café

Deus sabe o que quis foi te proteger
do perigo maior, que é você
E eu sei que parece o que não se diz
o seu caso é o tempo passar
Quem fala é o doutor

Parece que foi ontem, eu fiz
aquele chá de Habu
pra te curar da tosse e do chulé
pra te botar de pé

E foi difícil ter que te levar
àquele lugar
Como é que hoje se diz?
Você não quis ficar

Os poucos que viram você aqui
me disseram que mal você não faz
E se eu numa esquina qualquer te vir
será que você vai fugir?
Se você for, eu vou correr
Se for, eu vou...

sábado, 10 de abril de 2010

Lembranças de um ano perfeito (parte I)

“Não vou cortar o cabelo, nem aparar a barba até sair esse resultado maldito do vestibular. Isso não é uma promessa, eu estou só dizendo que vou deixar crescer até lá.” Tomei essa decisão na véspera do meu vestibular, meu último vestibular. Cortei meu cabelo um dia antes, aparei minha barba e olhei para o meu rosto limpo pela última vez pelos próximos 2 meses. Mal sabia eu que iria virar um matusalém. No outro dia lá estava eu, saindo de casa cedo, minha irmã foi me deixar. Conferi os documentos necessários antes de sair de casa, peguei minha garrafa d’água, meu Sonho de Valsa, Diamante Negro, Bis, Pirulito POP, bala de menta, de gengibre, azedinha, pipper, halls, e todas outras comidas que todo mundo leva pro vestibular, minhas canetas (25 canetas ao todo, uma de cada cor, com uma porosidade diferente, de uma marca diferente) e fui com a confiança de todo candidato de vestibular. É HOJE, É ESSE O ANO, É AGORA!

Firme e forte lá ia eu em direção ao local de prova. No caminho encontrei o Tirulipa, amigo de cursinho. A conversa de sempre: “oi, tudo bem, confiante, preparado?”. De repente uma pergunta que não estava no script: “cadê teus documentos?”. Parabéns, eu tinha esquecido somente os documentos do vestibular dentro do carro. Calma, pega o celular e liga e pede pra virem deixar os documentos aqui. Cadê o celular? Em casa, a prova exigia que não se levasse aparelhos eletrônicos para fazê-la. MALDITO SEJAM TODOS AQUELES QUE DIFICULTAM A VIDA DOS LESADOS QUE NEM EU. Que sorte hein. E agora?

“Alguém, socorro, cartão telefônico, esqueci meus documentos, preciso ligar pra alguém.” Claro que se alguém tivesse não daria o telefone, ali eram todos concorrentes. Minha cara de mongol nerd retardado mental não ajudou. Avistei alguém com a roupa do meu cursinho. “Moço, esqueci meus documentos, quer quanto pra me emprestar teu celular pra eu ligar pra casa?”. Falar nisso lembrei que preciso dedicar uma missa praquela alma piedosa. Liguei pra casa e a conversa mais nonsense da minha vida foi estabelecida.

- Alô, vô, chama alguém, esqueci meus documentos dentro do carro, manda alguém vir deixar.
- Alô? Oi, tu não tinha ido fazer uma prova? Espera só uma instante.

E eu fiquei esperando na linha por 5 minutos, no telefone alheio, enquanto minha vó ia fazer sabe-se lá o que. E o tempo passava e a prova se aproximava e os créditos do celular se acabavam e eu sem documentos.

- Oi, voltei, o que foi?
- VÓ, PELO SANGUE DE KRISHNA CHAMA ALGUÉM PRA ME AJUDAR, ESQUECI MEUS DOCUMENTOS DENTRO DO CARRO, PEDE ALGUÉM PRA VIR DEIXAR ELES AQUI SENÃO EU NÃO FAÇO A PROVA.
- Ah sim, vou chamar o seu irmão.

Mais cinco minutos esperando. Nessas horas tudo acontecia: o povo se encontrava e se abraçava e vinha falar comigo e eu quase chorando e o povo entrando pra fazer a prova e eu sem nada nas mãos e meu irmão dormindo e minha vó indo acordá-lo. Pela demora imaginei que ela tivesse ido fazer o café da manhã dele primeiro, esquentado a água do banho, feito cafuné nele devagar pra ele não se assustar ao acordar. E eu berrava no celular alheio.

- VÓ! VÓ! VÓ!

De repente uma voz saiu do outro lado da linha

- Alô?
- (decepção na minha voz) Vó, a senhora denovo, cadê meu irmão?
- Está dormindo, ligue pra sua mãe.

Por que nessas horas ninguém entende nossos sentimentos? Minha próstata deve ter escorrido pela minha perna com aquela fala. Eu olhava para o dono do celular e ria amarelado com cara de esperasóuminstantequeminhavólesatáembaçandoaminhavida. Nessa hora eu acho que apaguei porque não me recordo de muita coisa, só de flashes que tentarei descrever.

- VÓ, EU VOU PERDER O MALDITO ANO PORQUE NÃO TÔ COM MEUS DOCUMENTOS E A CULPA É SUA SE EU NÃO FIZER ESSA PROVA (nessas horas vale culpar todo mundo, menos a leseira própria por ter esquecido os documentos no carro)... Mãe, eu quero meus documentos... Espera, não fecha o portão, meus documentos estão chegando... Eu quero passar em Medicina (imaginem o desespero, multipliquem pelo número de Avogadro e elevem a sexta potência, foi mais ou menos a quinta parte do desespero que eu senti)... Eu juro como estou inscrito no vestibular, só estou sem documentos... Eu quero comer Hagen Dasz (não sei porque falei isso, mas o distúrbio na minha cabeça era grande)... Eu vou explodir essa faculdade se eu não fizer essa prova do CÃO!!! ... MÃÃÃÃÃÃÃÃE, MEUS DOCUMENTOS, OBRIGADO... (imagino que nessa hora eu tenha me jogado no chão e rolado de alegria, mas realmente não me recordo)

E então voltei. Minha mãe finalmente tinha trazido meus documentos. Corri pra minha sala blasfemando aos quatro ventos: “Não querem que eu faça essa prova, mas eu vou fazer e só de mal vou passar nessa porra!” Quase levo o celular do homem embora. Era só o que faltava, conseguir os documentos, fazer a prova e levar o celular que era proibido e ser eliminado logo de cara. Voltei e devolvi o celular e fui fazer minha prova, tremendo todo. Ah, quanto à minha próstata que escorreu, ela se regenerou depois sozinha em mim.

Fiz a bendita prova.

(continua...)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O grande dia de nossas vidas

Cinco da manhã e eu já estava de pé. A ansiedade que me consumia há semanas implodia dentro de mim. Não me agüentava em si. Todos já haviam notado minha euforia exagerada. Enfim, hoje tudo faria sentido, o sonho se realizaria. Mas vamos com calma que o tão ansiado dia estava só começando. Sem mais conseguir dormir, após bolar horas na cama, resolvo me levantar e me arrumar para a aula. Nefrologia no Hospital Fetuccini Emerald. Peguei o carro (meu incrível Golfinho preto) e fui para a aula.


E cada vez mais a hora se aproximava. Olhava de dois em dois segundos para o relógio. Teimosamente o tempo insistia em não correr. A aula eu já considerava perdida, não conseguia me concentrar. A impaciência me consumia. Aaaaaahhhhhh! CHEGA! Quando não suportei mais ouvir tantos “rins” e “glomérulos” me levante da cadeira e saí da sala, precisava caminhar.


O ambiente hospitalar me acalmou. A sala de aula com aquele silêncio quebrado apenas pela voz rouca do professor é que estava me angustiando. Os gritos da emergência, a correria das enfermeiras, as macas pelo corredor, o sangue manchando o chão... quando que aquele passou a ser o meu ambiente? Ali me acalmei sentado numa cadeira ao lado de uma mãe que chorava copiosamente à morte do filho num acidente de moto. Quando o sofrimento alheio passou a não ser mais compartilhado por mim? E ali sim o tempo voou.


Dez horas! Finalmente dez horas da manhã, estava na hora. Corri pelos corredores do hospital sem esperar o fim da aula. No caminho, tirei o jaleco, guardei o estetoscópio, joguei tudo dentro da bolsa e vasculhei os bolsos em busca da chave do carro e de uns trocados para o flanelinha. O sorriso já me estampava o rosto, não estava mais me contendo. Rapidamente joguei as moedas na mão do senhor que sempre vigiava meu carro e acelerei.


Na rádio Ana Carolina conversava comigo: “Eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na tua.” E era hoje que as ruas aparentemente tão distantes e paralelas iriam se encostar, era hoje que os dois extremos da BR-116 iriam se tocar. Acelera, passa moto, carro, caminhão, carroça, freia, sinal vermelho, pedestre atravessando rua, passa marcha... E dobra a esquina a 60km/h e no horizonte distante o Aeroporto Orlando Leria apontava com uma escultura gigante do engenheiro que construiu o aeroporto.


Estacionei rapidamente (e tortamente), peguei a escada rolante e cheguei à área onde se dava a saída dos viajantes. Pronto! Era tudo uma questão de minutos agora. Olhei mais uma vez (talvez a milionésima vez) o papel que tinha escrito na noite anterior: “Vôo 7019, partindo de Orian Zéalia, conexão em Ricci Omnis, chegada em Emeral às 10:45.” No meu relógio 10:36. Faltava pouco. Nos painéis eletrônicos do aeroporto os horários previstos para chegada dos vôos nacionais e internacionais. Nada de atrasos ou cancelamentos.


E durante a espera comecei a devanear. Como seria aquele dia? Como eu deveria agir? Será que eu estava criando muitas expectativas? Será que eu estava bem vestido? Na noite anterior eu havia passado meia hora escolhendo a melhor roupa para a ocasião. Dei uma de mulherzinha mesmo. Porém, ali parado, esperando o vôo, eu me senti a pessoa mais ridícula de todas. O surrado AllStar, a surrada boina listrada, a calça bege nova comprada há duas semanas e uma camisa gola pólo cinza claro. Nada combinava no final das contas, eu era o palhaço ali parado.


Ao meu redor cada vez mais pessoas se aglomeravam esperando seus parentes, amigos, clientes de translado... Uma voz feminina cortou o ar avisando que o vôo tinha chegado. O coração bateu forte, o nervosismo tomou de conta e com ele a vontade quase que incontrolável de rir. Vai entender o que se passava nas minhas sinapses nervosas pra me fazer rir numa situação daquelas.


A porta automática abria e fechava cada vez que os viajantes passavam carregando suas enormes malas. Os primeiros a saírem foram dois casais. Depois um senhor, uma jovem, uma família, outra família... e nada ainda de você. Ao redor, as pessoas se beijavam e se abraçavam e davam gargalhadas... E o meu coração sumindo, nada de você. Mais um segundo e eu caía em coma no chão de tanto nervosismo.


E foi então que a porta se abriu para a passagem de um barbudo. Lá atrás, finalmente vi você de lado esperando a esteira das malas trazer sua bagagem. Você não me viu. A porta tornou a fechar. E o coração voltou a bater com mais força, saindo pela boca. Você veio e estava a menos de 100 metros de mim. Eu sorri... e ri. Aos olhos estranhos eu era um louco rindo só, mas para mim eram meses de promessas virtuais se transformando em realidade ali na minha frente.


E fez-se silêncio e a porta se abriu. O olhar disperso, buscando-me perdidamente. Quanta beleza. Uma mistura de emoções tomou conta de mim. Minhas pernas e mãos tremiam, meus olhos ameaçaram se encharcar, meu coração era audível do outro lado do mundo. Mentalmente agradeci por alguém lá em cima ter me concedido tal momento. E a porta se fechou pela última vez atrás de você bem no momento que nos avistamos.


Acenei, abri os braços e te esperei neles. E te toquei pela primeira vez, o abraço mais quente e carinhoso da minha vida, um abraço silencioso, mas que grita sentimentos guardados a tempos. Não faço idéia de quanto tempo durou a eternidade daquele momento. E quando o silêncio não era mais necessário, ali, no meio do aeroporto, com toda aquela gente ao redor, sussurrei bem próximo ao teu ouvido...


ACOOOOOOOOOOOOOORDA, A AULA DE NEFROLOGIA JÁ VAI COMEÇAR.


E foi perfeito.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quanto aos nomes
















Obviamente todas as pessoas que citadas forem neste blog serão totalmente fictícias, qualquer semelhança com a realidade não passa de semelhança, eu não serei eu. Vamos inventar agora uma alcunha para minha pessoa. Hm... Nunca gostei de nomes duplos, demoram muito para serem chamados. Já pensou Henrique Getúlio? Quando minha mãe fosse gritar por mim para que eu tomasse cuidado com o batente para não cair quando pequeno com certeza já teria caído, ralado o joelho, rolado pelo chão e batido a cabeça na beira da calçada, teria um traumatismo craniano, com perda de massa encefálica pela fontanela occipital e morreria em menos de 20 segundos após minha mãe ter terminado de pronunciar meu nome completo.

Momento para a dramatização

“HENRIQUE GETÚLIO (começa a contagem de 20 segundos) cuidado com o batente (já teriam se passado 3 segundos)” Minha mãe começaria a correr, nesta hora eu estaria rolando em direção a quina da calçada (mais 3 segundos, já foram 6). Em mais 2 segundos atingiria a beira da calçada e minha mãe finalmente chegaria até mim 1 segundo depois (agora foram 9). Entre notar meu desmaio e um alarme soar na cabeça da minha mãe para o perigo daquele acidente se passariam mais 5 segundos, totalizando agora 14 segundos). Teria apenas mais 6 segnndos de vida para ouvir minha mãe gritar: “Ô meu Deus, que nome duplo maldito dos infernos, amaldiçôo o dia em que...” MORRI!

Fim da dramatização

Por isso, nada de nomes duplos nos personagens da minha história, nomes simples e pequenos, tipo nomes de cães. Tob, Ralph, Jack, Lupi, Lala... Muito importante também que sejam nomes que eu consiga decorar, pois confesso minha completa dislexia retardice aguda quanto à isso. Escuto o nome da pessoa e é mesmo que ela dizer que o tempo está bom. Nem chega a entrar no ouvido pra sair no outro, fica do lado de fora. É igual a perguntar: você está bem? Pergunta totalmente retórica, você não espera resposta e nem precisa dela, pergunta por perguntar. Nem decoro nomes, nem associo nomes a rostos. Já me chamaram de boçal inúmeras vezes por eu conhecer a pessoa, passar por ela e não falar. Mas é completo esquecimento deste que vos fala. Peço-lhes desculpas. Inclusive já desenvolvi técnicas inovadoras para driblas estas situações. Ando sempre com um sorriso meio de lado e um leve balançar de cabeça para as pessoas.

Pausa para a dramatização novamente

Lá vou eu andando com o sorriso de lado e o balançar com a cabeça. Lá vem a pessoa na minha direção. Ela olha bem pra mim, percebe meu sorriso de lado, meu balançar de cabeça e pensa “NOSSA! Ele lembrou de mim, acenou com a cabeça pra mim, tão simpático, adoro fulano.” E eu passo pela pessoa e penso “Putz, gasolina de R$2,25 está muito barato, espero que amanhã ainda esteja nesse preço. Olha só essa que acabou de passar por mim... Quem dera a conhecesse.” E assim uma amizade não é perdida.

Fim da segunda dramatização

E é isso, espero ter me feito entender. Nada que for aqui escrito será real, nada terá realmente acontecido, foi fruto da imaginação... Não da minha imaginação, da imaginação do fulano aculá... Que por sinal eu nem conheço o tal fulano. Se alguém perguntar, reclamar, brigar, xingar, qualquer coisa... foi culpa do fulano aculá que eu não conheço, não vi, nunca ouvi falar, quem, onde, quando, como, por que? Nego até a morte. FUI!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

SEMANA SANTA

Feriado de semana santa. ÊÊÊÊÊ. Todo mundo viaja, ganha ovos de páscoa, festeja com a família, come o bom e velho peixe, bacalhau, camarão, bebe o bom e velho vinho. Todo mundo vírgula. Vamos falar hoje da história da semana santa desse cara que eu pedagogicamente narrarei em primeira pessoa, mas que não pensem que foi comigo que isso aconteceu.

Na verdade é semana santa, mas o feriado só começa mesmo na sexta. E lá estava eu dormindo, sonhando com o chocolate da Cacau Show, aquele intocável da loja. Ou aquele da Copenhagen, caríssimo numa embalagem bem miudinha. Com certeza aquele cacau foi pisado pelas freiras mancas, pernetas, claudicantes e diabéticas do convento de Winchestershire, o cacau híbrido e cuidadosamente colhido por mãos aquecidas a 38,3°C nas estações chuvosas dos Alpes Suíços e aromatizados com o orvalho do primeiro dia de solstício de verão. E acordei babando na cama.

10:00. Minha família já tinha levantado vôo. Todos pegaram suas FIREBOLTS e saíram voando para as terras longínquas do sítio da minha tia. Lá fiquei eu em casa no feriado. Coisas estariam reservadas para mim neste feriado, ele não passaria em branco, muita coisa haveria de acontecer.

Sábado, 10 horas da noite, ainda estava em casa esperando as coisas acontecerem. Nem ovo de páscoa encontrei escondido pelo frondoso jardim da minha casa. Nem barra de chocolate encontrei escondido pela papelosa gaveta da minha mãe. Nem chocolate BIS encontrei escondido nos bolsos das minhas calças. Nada de chocolates na Páscoa. Não seria a primeira vez, nem será a última.

Pra quê chocolate quando eu tenho a Internet? Vou colher minhas plantas na Colheita Feliz e vou conversar com meus amigos no MSN e vou twittar e vou formspringar e vou ler meus e-mails e vou jogar online e vou... Só não vou ver safadeza na Internet porque é feriado santo...

Em menos de 10 minutos fiz tudo isso que eu disse acima e mais um pouco, e logo estava entediado da Internet. Não tinha ninguém no MSN, não havia recebido um e-mail novo, a única pergunta pendente no formspring era em quê eu pensava na hora H (não respondi a ela), o twitter estava vazio (detalhe: a tag da vez era #cinebandigay, #geise, #dilma), enfim, tudo conspirava para que eu me atirasse pela janela pelos próximos trinta segundos. E foi assim que eu passei longos dois dias.

Na TV uma série de filmes de Jesus. Jesus loiro, moreno, barbado, raspado, sofrendo, sorrindo, chorando, rezando, morrendo, ressuscitando... No mundo tudo. E eu em casa nada. Já dizia o Mestre Pai Mei (personagem fictício criado por mim agora): todo sacrifício oferece a Deus e pede algo em troca). E como a menina pastora da Internet eu ofereci a Ele. E a única coisa que eu pedi foi um dia melhor no domingo, nem que fosse com ovo de páscoa com chocolate de gordura vegetal hidrogenada que dá câncer.

E de repente o dia amanheceu e um Crossfox pilotado por nada mais nada menos que Stefhany, a linda absoluta que todos falam bem ou mal, mas falam dela, veio me buscar. E ela me levou para o sítio da minha tia, onde todos me esperavam batendo palmas, com faixas de “BEM-VINDO”, centenas de virgens loiras de olhos verdes com silicones reluzentes e piscantes seminuas e histerectomizadas segurando ovos de páscoa (sem gordura vegetal hidrogenada cancerígena)... Tá, tá, foi menos glamouroso que isso confesso, mas o que importa é que almocei com minha família na Páscoa, ganhei um ovo de chocolate e sobrevivi a mais um feriado na minha vida.

E foi assim que acontece a Páscoa desse cara que eu acabei de falar. Que sortudo hein. Ainda bem que a minha não foi assim.

Que lombra esse post!!! Boa dor de barriga pra todos.

Coelho de chocolate gigante de Gramado/RS

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Postscript

Como disse meu professor de inglês

"Postscript is a bla bla bla whiskas sache ti ti ti co co co pi pi pi patati patata in the end of the letter."

(pelo menos foi o que eu entendi do que ele me falou)

Vou corrigir alguns erros que o cara que escreveu os dois primeiros posts cometeu. Brilhantemente fui lembrado por leitores assíduos do blog que prontamente me avisaram do equívoco. Esclareço que quem escreveu estava muito empolgado com a idéia do blog e acabou se empolgando.

P.S.1 O Joey nunca vai casar com a Mônica, é o Chandler. Foi um lapso. É que sempre preferi o Joey ao Chandler, daí tenho intrinsecamente em mim que ele seria o melhor para a Mônica. BAZINGA! Aliás, se a série fosse minha, o Joey terminava com a Phoebe ("Smelly cat, smelly cat, what are they fedding you?), o Ross com a Rachel, o Chandler com a Janice (OW MY GOD!) e a Mônica com o tiozão das primeiras temporadas que ela pegava. Mas como a série não é (ou era) minha, acabou que a série acabou.

P.S.2 É impressão minha ou tem uma postagem que começa com a letra graúda e a letra vai ficando miúda e muda até de fonte? ODEIO! Não consigo editar aquela pitomba. Acaba que estou com bloqueio mental sem conseguir postar mais nada porque fico pensando naquela postagem troncha. Eu tenho direito de reclamar no DECON? Eu exijo meus direitos de blogueiro e quero uma postagem uniforme. Não que eu seja perfeccionista, mas se não fizer isso algo de ruim vai acontecer comigo. E isso não é um TOC TOC TOC. Sou virginiano e isso não é nem de perto uma característica do signo signo signo. QUERO MEU POST UNIFORME UNIFORME UNIFORME.

P.S.3 Aos leitores assíduos e que comentaram no post aculá... Acredita que fui moderar os comentários e a bomba excluiu os comentários? Sério. Estou descontente com essa budega aqui. Acho que serão os únicos comentários que receberei na história do blog, daí os que eu recebo o blogger apaga. Putaria de calango.

P.S.4 É normal dar erro na publicação da postagem sempre? Pela órtia consagrada, chagas abertas coração ferido. Tem alguma coisa que preste nesse blog?

P.S.5 Quem é Erlon? Comentaram no blog e falaram em Erlon...

P.S.6 Nem fui pro cinema. =(

CHEGA! Vai ser bexta assim lá na baixa da égua!

1º post

Duvido muito que eu siga adiante nesse meu intuito, não é a primeira, nem a segunda e eu arriscaria dizer que não é a terceira vez que refaço um blog. No começo é tudo muito lindo, muito legal, muito inspirador, depois fica tão chato, tão entediante, tão “ninguém me visita, que paia”. Mas meu psicólogo disse que eu não deveria reprimir os desejos que eu pudesse realizar, os que dependessem só de mim eu deveria tentar supri-los. Então, já que isso faz parte solamente da minha vontade cá estou eu.

(Mentira, não tenho psicólogo, estou apenas tentando embasar meu intuído de fazer um blog, seria esse um mecanismo de defesa do ego? Racionalização? Sei que não é porque aprendi com um amigo psicólogo que estou fazendo isso conscientemente logo não é... Vá a merda amigo psicólogo!)

Voltando do delírio...

Estava eu numa noite de domingo (na verdade são exatamente 00:11 de segunda-feira) de páscoa deitado em minha cama e de repente veio a vontade de escrever. Bah, vou muito me sentar na cadeira, pegar a caneta e escrever. Nunca! Estiquei meu braço, puxei o laptop de cima da escrivaninha, liguei e aqui estou. Só! E foi assim que começou o blog. Nenhuma luzinha piscou, nenhum sininho tocou, nada aconteceu, foi exatamente assim, sem graça nenhuma. Imagino que foi assim com todos que um dia se prestaram a esse papel de escrever e publicar na Internet.

E sem muitos intuitos ou pretensões por aqui mesmo vou ficando. Acho que não serei Best-seller dentre os blogs, mas que este seja um meio de comunicação por onde eu possa vomitar (minha professora de português diria: Que escatológico!) alguma coisa que esteja brotando desta massa encefálica.

Só!

Cronograma de Hoje

Segunda-feira (05.04.10)

8:00 – acordar com o despertador do celular tocando e apertar em soneca

8:05 – iden

8: 10 – iden

8:15 – iden

8:20 – criar vergonha na cara e realmente me levantar da cama

9:00 – ir ao centro comprar futilidades, tipo boné de malandro, brinco de malandro, tinta Coralatex, CD/DVD da "EuGostoDeHomensEDeMulheresEVocêOQuePrefere?", lembrar de procurar por ovos de páscoa, eles sempre estão mais baratos depois da páscoa (apesar de eles estarem hoje quebrados, bulidos, bolinados, jogados, arremessados, pisoteados, cagados e cuspidos... mas estão baratos)

12:00 – ir pro cinema, Segunda-feria Mania foi a melhor coisa que já inventaram no mundo, cinema de R$3,00 só dá pra liseira. É nóis (fazendo símbolo da CEARAMOR)

17:00 – ir pra aula de Embaço Britânico Diário (não esquecer de pegar o Box da 6ª temporada de Friends, finalmente vou ver o Joey se casando com a Mônica)

18:00 – sair da aula de Embaço Britânico Diário e começar a rezar para chegar na hora no curso de Imaginação, com o trânsito desse horário nem se eu aparatasse eu chegaria na hora
22:00 - Assistir Homem-Aranha 3 - a revolta do Emo-Aranha.
Antes de dormir não esquecer que tem chocolate esperando por mim na segunda gaveta do freezer da cozinha.