Primeiro de tudo, esperar a hora certa. Sim, existe hora certa pra escrever. Pelo menos pra mim. Geralmente por volta de 11 da noite pra lá. Se fôssemos fazer um gráfico de Hora do Dia x Inspiração seria algo mais ou menos assim:
Explicação: existe uma taxa basal de inspiração durante todo o dia, é péssimo para se escrever nessas horas, o que vem à cabeça é besteira, não se aproveita. Se eu fosse escrever durante essas horas sairiam receitas de bolo, cartas de amor e resumos de matérias da faculdade. Evito ao máximo escrever nesses horários, faz mal até pro estômago. A partir das 21h, a hipófise começa a liberar ISH (Inspiration Stimulating Hormone, vulgo Hormônio Estimulador da Inspiração) que vai agir no Centro da Inspiração (que tem como outra função atuar nos movimentos respiratórios junto com o Centro da Expiração). O Centro da Inspiração então começa a liberar os neurotransmissores (inspiralina) nas sinapses cerebrais ocasionando um Brainstorm (tempestade de idéias). Pois sim, a partir das 21h, os níveis de inspiralina aumentam exponencialmente até alcançarem o pico máximo, por volta das 5h30m da manhã. Há relatos na literatura de que você pode expandir esse nível para além caso você se exponha à um nascer do sol fenomenal, deitado na grama molhada da sua casa de praia, de frente pro mar, ao lado da pessoa amada. Porém, a janela terapêutica dessa experiência é bem pequena, pois em um milésimo de segundo como esse você pode ter tanto a inspiração para escrever a maior novela Global de todos os tempos, como pode também não controlar o Brainstorm e escrever várias pequenas anedotas sem sentido. Geralmente, me encaixo no horário das 23h às 2h da manhã, nunca alcancei o pico de inspiração.
Segundo ponto: música. Nada melhor do que uma boa música na hora de escrever pra atiçar ainda mais a sua inspiração. Eu falei boa música, não queira escrever uma linda história de drama com amores impossíveis e morte no final escutando Boladona, Tati Quebra Barraco, Mc Serginho e Lacraia, Mulheres Salada de Frutas, e coisas do gênero. No máximo você escreverá um bom conto erótico bizarro com direito a sexo com animais e mistura de fluidos escatológicos (eca!). No meu caso Los Hermanos sempre ajudou, Ana Carolina e Nando Reis também possuem sua parcela de contribuição, dentre outros. Os maiores escritores com certeza estavam escutando alguma coisa quando suas obras foram geradas.
Agora o local. Óbvio que o local para se escrever deve ser meticulosamente escolhido. Escrever no meio da sala de jantar com todo mundo conversando ao redor, o cachorro latindo do lado, a vizinha gritando, o primo pequeno chorando... melhor escrever dentro do banheiro, sentado no trono. Aliás, quem disse que não há poesia na hora de reinar? Eu mesmo já escrevi várias coisas enquanto estava reinando. Também aconselho o isolamento. Já pensou tu escrevendo aquela história que tu acha que está show, perfeita. Daí vem tua irmã e lê atrás de ti e comenta. Daí vem tua mãe e elogia. Teu pai passa e pergunta. Tua vó vem e ri. Ah, dá não né. Histórias precisam serem feitas no silêncio de um ambiente isolado. No meu caso, meu quarto claro, somente com a luz da luminária pra ficar um ambiente mais intimista ainda. Fecha a janela, fecha as cortinas, fecha a porta do quarto, espera a descarga do banheiro parar de fazer barulho (totalmente antipoético), liga o ventilador (o clima da minha cidade/vila exige), e então, com a companhia apenas das baratas que passeiam pelo chão do meu quarto, o negócio flui.
Chegada a hora da inspiração, escolhida a música perfeita, refugiado no local certo, resta apenas o principal: o assunto. Bem, aí é questão de vivência. Se você não vive, não tem do que escrever. Não que o que eu escreva aqui seja totalmente real... nem é... mas se você nunca viveu uma decepção na vida, como vai tentar passar para os seus leitores a angústia de uma? Se você nunca chorou de raiva como vai falar de algo que realmente te enfurece a esse ponto? Se você nunca se apaixonou como vai relatar a experiência de dormir e acordar pensando, de se alegrar com a alegria alheia, de ouvir sininhos e sentir borboletas no estômago quando vê a pessoa? Dizem os especialistas que escrever após uma super decepção amorosa enquanto ainda se está chorando é o ápice do supra sumo do cream de la cream, é muito bom e muitas belas coisas saem da cabeça nesse momento, até novos palavrões. Após adquirir essa bagagem de sentimentos fica bem mais fácil você criar histórias e relatar nelas suas experiências, criando personagens que tem um pouco de você em cada um deles. O tchan consiste exatamente nisto, você emprestar às histórias impressões suas, emprestar aos personagens traços seus, mas sem tirar deles as particularidades que os diferenciam dos demais. Eles são um pouco de você, mas acima de tudo eles são eles. E pronto. Busca algo interessante de se falar e da melhor forma tenta passar o recado para os demais, contando uma história, ou falando sobre, ou descrevendo.
No final o que sair já é algo. Ler muito é sempre bom, ajuda a não errar no português (pecado mortal), ajuda a criar idéias. No mais acho que é só.
Post iniciado às 1:20 da manhã, ao som de Ana Carolina, escrito no meu quarto, cujo assunto me veio à cabeça após ter assistido a 2 episódios de One Tree Hill.
Desde Então.
Há 9 anos
2 comentários:
hum...cada vez melhor, heim, fulano de tal!!!
Gosto de te ler sempre q possível!
Bons índices de inspiralina pra vc!
:***
Piro nos teus posts! Mas letrinha pequenininha essa tua... meus óculos cor de rosa quase não fizeram jus ao preço deles aqui!
Beijocas
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