segunda-feira, 12 de abril de 2010

Do Sétimo Andar

“Eu te amo! Nossa história de amor é linda, você me completa e eu preciso de você para viver. Dói muito ter que fazer o que estou prestes a fazer, mas preciso de você viva, não posso conceber a idéia de te ver morta nos meus braços, culpar-me-ia para o resto da vida. Por favor, entenda-me. Seu psiquiatra mesmo disse que precisávamos de tempo para que os antidepressivos fizessem efeito, porém não estou notando melhora, suas idéias suicidas estão cada vez mais freqüentes e eu preciso te proteger de você mesma. Já tentei de tudo, até chá de Habu pra te curar da tosse e do chulé, pra ver se você cria ânimo para viver, mas nada funcionou. Não consigo mais te ver nesse estado, espero que você entenda minha decisão.”

“Foi tão difícil ter que levá-la àquele lugar. Como é mesmo o nome que se dá hoje em dia? Manicômio? Hospício? Aquele não é o lugar dela. Ela não quis ficar quando eu a deixei lá, ela tem consciência daquilo. Aqueles loucos são pessoas perigosas, ela não é assim, as poucas pessoas que foram visitá-la disseram que ela está mais calma, que não faz mal à ninguém. O psiquiatra disse que no caso dela é o tempo passar. Preciso agüentar esse tempo até ela estar curada e voltar para mim.”

“Não acredito que ela cometeu essa loucura. Por que ela foi inventar de fugir do hospital? O tratamento estava indo tão bem, ela estava cada vez mais próximo de conseguir alta, suas idéias suicidas tinham diminuído. E agora ela foge. Tenho medo do que possa acontecer com ela enquanto ela não toma os remédios, enquanto ela está só, enquanto não há ninguém por perto para impedi-la de fazer alguma besteira. Deus sabe que eu tentei protegê-la disso, e agora? Só me resta anunciar seu desaparecimento e rezar para que alguém a encontre. Vou procurar a foto mais bonita que eu achar, ela olhando para mim, aqueles grandes e curiosos olhos verdes. Vou pôr em todo lugar. E se eu te vir como será que você irá reagir? Se numa dessas esquinas eu te encontrar será que você vai lembrar que eu te pus naquele local e vai fugir? Será que você vai pensar que eu te dei as costas e vai correr? Se você for eu vou correr. E se eu não te alcançar eu vou morrer.”

“Oh meu Deus, fiz o anúncio, pus em quase todo lugar, mas ninguém viu, ninguém lhe achou. O pior aconteceu... Não quero aceitar que o que fiz foi errado, te separando de mim... Agora de longe te vejo, aqui do sétimo andar, aqui de cima de sete palmos do chão. E você continua linda daqui de cima. Agora só me resta lamentar, sofrer pelo que te causei. Meus dias são iguais, não durmo mais, apenas te espero sentado na cadeira da sala iluminada. Dia e noite a sala permanece iluminada esperando sua volta, dia e noite tomo o seu chá de Habu, dia e noite observo sua foto mais bonita no anúncio olhando pra mim... dia e noite morro."

Baseado na música Do Sétimo Andar - Los Hermanos

Fiz aquele anúncio e ninguém viu
Pus em quase todo lugar
a foto mais bonita que eu fiz,
você olhando pra mim

Alto aqui do sétimo andar
longe eu via você
e a luz desperdiçada de manhã
num copo de café

Deus sabe o que quis foi te proteger
do perigo maior, que é você
E eu sei que parece o que não se diz
o seu caso é o tempo passar
Quem fala é o doutor

Parece que foi ontem, eu fiz
aquele chá de Habu
pra te curar da tosse e do chulé
pra te botar de pé

E foi difícil ter que te levar
àquele lugar
Como é que hoje se diz?
Você não quis ficar

Os poucos que viram você aqui
me disseram que mal você não faz
E se eu numa esquina qualquer te vir
será que você vai fugir?
Se você for, eu vou correr
Se for, eu vou...

2 comentários:

Isabela RB disse...

Sei nem quem tu é, mas desconfio, lógico.
Já virei seguidora. E já odeio nefro.
Beijo

Bubble Style disse...

Olá,
depois da uma passadinha no meu blog: http://bubblestylista.blogspot.com/
thanks!