Então eis que o resultado do vestibular não prostático saiu. Novamente em slowmotion:
OOO REEESUUULTAAADOOO SAAAIIIUUU. LIIISTAAA DOOOS AAAPROOOVAAADOOOS DEEE MEEEDIIICIIINAAA...
E claro, mais uma vez meu nome não estava lá. Ai ai ai. Agora era oficial, cursinho mais um ano. Tinha ficado tão próximo, fiquei em 45º classificável. No ano anterior tinham chamado só 39 classificáveis, por isso já fui logo me desanimando. “Manhê, não passei.” Fui pro cursinho pra falar com meu coordenador, pedir o bom e velho desconto, a boa e velha dispensada na matrícula, dispensada nas apostilas, dispensada nas mensalidades, auxílio fome, auxílio busão, auxílio moral, auxílio psicológico, auxílio paciência e auxílio sacocheiodemaisumanonessajoça. Ele só me deu matrícula, mensalidades e apostilas de graça. Fiquei sem meus auxílios. Onde já se viu, talvez fosse por essas carências que eu não passava. E no meio da conversa perguntei a ele quantas pessoas iriam entrar no tal vestibular do Quaselá.
“Na pior das hipóteses entram 40 pessoas, na melhor das hipóteses entram 44.”
Show. Preferia ter ficado em noventésimo nonagésimo nono, vulgo 999º, classificável a ter que ver a 44ª criatura sortuda do universo entrar e eu ter ficado na beirada. Na hora não lembro, mas acho que falei PUTA QUE PARIU bem alto na frente dele, de três alunos da 4ª série e de uma senhora. Senti os olhares reprovadores deles. MORRAM! Quero ver se eles passassem pelo mesmo que eu tava passando. Acho que a partir desse momento comecei a desenvolver um sofrimento mental irreversível.
Imaginai tu atravessar uma BR com 10 faixas e ser atropelado na 10ª por uma mobilete com um pneu furado, uma descarga enferrujada e a 10km/h, mas que te atinge num ponto fatal e te mata. Ou tu fechar a prova de legislação pra tirar a carteira de motorista, fazer uma super baliza perfeita, retorno, passagem de nível, ladeira, pára na faixa pra passar os pedestres e então já no final tu estanca o carro e é reprovado. E daí tu vai ter que fazer mais várias aulas de legislação super chatas, outra prova, pagar um monte de dinheiro, gastar um monte de tempo. É como uma brocha na frente da Juliana Paes. Poisé, foi quase parecido com um décimo sétimo avos do que eu senti. Fazer o quê né? Bola pra frente.
Já tinha voltado à chata e velha rotina de sempre: acorda, estuda (ou não), cursinho, aulas (ou não, confesso que no último ano passei mais tempo fora de sala do que dentro), volta pra casa, entra na Internet, dorme... E eis que uma bela noite, entrei na Internet, no Orkut, e veio um povo me pedir pra entrar numa comunidade. Comunidade da turma que eu QUASE fiz parte, caso passasse naquele vestibular. Era karma, eu devo ter jogado pedra, canivete, lâmina de bisturi enferrujada na cruz, ou devo ter colado chiclete na chuteira do jogador Roberto Carlos no último jogo do Brasil na última Copa do Mundo. E lá estava o povo falando de mim: o primeiro dos últimos a não entrar. MORRAM TAMBÉM!
Foi então que usei do terrorismo. Procurei minha pior foto, uma que eu estivesse bem psicopata, tipo de barba, com olhar maquiavélico, riso sarcástico, uma que expressasse “EuSouRuimECapazDeMatarAlguémPraPassarEmMedicina”. Então singelamente fui num dos tópicos da comunidade e expressei meus belos sentimentos: se eu não passar eu mato alguém pra pegar a vaga. Finalizei a frase com um belo sorriso (=D) e saí da comunidade. Tentei não pensar mais naquela esperançazinha que teimava em não ir embora. Mas algo estava reservado para mim no final do túnel. Se eu joguei pedra na cruz foi uma pedra sem pontas, com contornos arredondados e que não atingiu ninguém, talvez tivesse atingido Judas pouco antes de ele se enforcar, nada mais.
(continua...)
Desde Então.
Há 9 anos
2 comentários:
Aff Maria!!! Pensei que a saga ia acabar hoje! Continuo torcendo por você... Mesmo que você queira matar um concorrente... ;~
Isso num mata nem gato que faz cocô nas plantinhas do lado do lab de anatomia e deixa tudo podre a bosta! Quem dirá concorrente de vestibular!
Postar um comentário